Chega, por favor, chega. Não vês que me magoas, que me matas aos poucos? Chega. Não posso mais com os teus ideais, com as tuas fantasias, com as tuas incertezas... enquanto finges viver esvais-te, és uma singularidade que suga o ar que respiro, o calor que me vai mantendo viva. Chega, pára. Não me enganes mais. Não me sufoques. Não me tapes a voz, não me escondas os olhos. Deixa-me ser eu, de uma vez por todas. Por mim e por ti, por nós. Deixa-me aceitar-me, o que sou, rocha assente num banco de areia ou grão de areia no fundo do mar, sou as duas coisas, deixa-me ver e sentir isso, deixa-me flutuar ao meu sabor, não posso mais com a dor que te preenche, com o vazio que sentes aí dentro. Não és isso, és muito, muito mais. A dor nem sabes de onde vem, deixa-a partir, não a queiras prender. Deixa-me aceitar-me, rosa ou espinho, rosa e espinho, és assim, sou assim, e assim seremos. Chega de massacres, de perpetuar feridas que te fizeste e já sararam, pensas apenas que ainda te afligem o corpo, mas olha, já nem cicatrizes tens.
Chega. Deixa-me. Ou me matas de uma vez, ou me deixas ir. E olha que agora não me apetece morrer.
Fake plastic trees - Radiohead